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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Gliese 581 d


Enquanto alguns astrônomos sustentam que Gliese 581 d possa também ser habitável se ele possuir uma atmosfera densa, com um forte efeito estufa para aquecê-lo, há outros que permanecem céticos. O exoplaneta recém-descoberto (Gliese 581 g), no entanto, fica bem meio da Zona Habitável, também chamada de “Goldilocks Zone”, ou seja, a “Zona de Cachinhos Dourados”, por causa da história “Cachinhos dourados e os três ursos”. O Princípio de Cachinhos Dourados (The Goldilocks Principle) descreve uma situação em que “somente uma é correta”, de forma semelhante ao retratado no conto. O conceito prevalece não só na literatura, mas também na astronomia e na economia. Um “planeta Goldilocks” não é demasiado perto nem demasiado longe de uma estrela para excluir a vida, enquanto uma “economia Goldilocks” descreve um cenário em que sustentar o crescimento moderado e inflação baixa é visto como um mercado que permite que uma política monetária amigável.
“Tínhamos exoplanetas em ambos os lados da zona habitável, um muito quente e um bem frio, e agora temos um no meio, que é o certo”, afirmou Vogt.

Entre a noite eterna e o dia permanente

A pequena distância em relação a sua estrela implica que o exoplaneta está “amarrado” pela gravidade a sua estrela, o que significa que um lado está sempre voltado para Gliese 581, banhado com a luz do dia perpétua, enquanto o lado voltado para o lado contrário permanece em eterna escuridão. Um dos efeitos da rotação sincrônica é estabilizar os climas da superfície do planeta, de acordo com Vogt. A zona mais habitável na superfície do planeta deve ser a linha entre a sombra e a luz (que os astrônomos chamam de “Terminator”, em inglês), onde as temperaturas de superfície diminuem na direção do lado escuro e aumentam na direção do lado eternamente banhado pela luz da estela Gliese 581.
“Qualquer forma de vida emergente teria uma grande variedade de climas estáveis para se estabelecer e evoluir em volta, dependendo da longitude”, disse Vogt.
Os pesquisadores estimam que a temperatura média da superfície do planeta se situa entre -31 e -12 graus Celsius na zona chamada de “Terminator”. Por outro lado as temperaturas verdadeiras poderão variar do extremamente quente no lado voltado para a estrela até o muito frio no lado de noite permanente.

Gravidade agradável em uma super Terra

Se Gliese 581 g possuir uma composição rochosa semelhante à da Terra, seu diâmetro pode ser estimado entre cerca de 1,3 a 1,5 vezes o da Terra. A gravidade na superfície seria praticamente a mesma ou ligeiramente maior que a da Terra, de modo que um astronauta (com roupas bem leves, é claro) poderia caminhar sem maiores problemas ereto sobre o planeta, disse Vogt.
  • Massa: 3,1 a 4,3 M⊕
  • Raio (r): 1,3 a 1,5 R⊕ (se sua densidade/composição for similar a da Terra)
  • Gravidade na superfíce: 1,1 a 1,7 g
  • Período orbital: 36,652 (± 0,052) dias (terrestres)
  • Distância da sua estrela: 0,14601 (± 0,00014) UA

11 anos de trabalho!

As novas descobertas são baseadas em 11 anos de observações da anã vermelha Gliese 581 utilizando o espectrômetro de HIRES (concebido por Vogt) no telescópio Keck I, do Observatório WM Keck, no Havaí. O espectrômetro fornece medições precisas de velocidade radial de uma estrela (o seu movimento ao longo da linha de visão da Terra), que pode revelar a presença de exoplanetas. O puxão gravitacional de um exoplaneta em órbita provoca mudanças periódicas na velocidade radial da estrela-mãe. Vários exoplanetas induzem oscilações muito complexas no movimento da estrela e os astrônomos usam sofisticadas análises para detectá-los e determinar suas órbitas e massas.
“Foi extremamente difícil conseguir detectar um exoplaneta como este”, disse Vogt. “Cada vez que nós medimos a velocidade radial, nós gastamos uma noite operando o telescópio e para detectar este exoplaneta foram executadas mais de 200 observações com uma precisão de cerca de 1,6 metros por segundo.”
Para chegar a este número as medições de velocidade radial (238 no total), a equipe de Vogt combinou suas observações no dispositivo HIRES com os dados publicados a partir de outro grupo liderado pelo Observatório de Genebra (HARPS, o projeto High Accuracy Radial velocity Planetary Search).
Além das observações de velocidade radial, os co-autores Henry e Williamson fizeram medições precisas noturnas do brilho das estrelas com um dos telescópios robóticos da Tennessee State University. “As nossas medições de brilho verificaram que as variações de velocidade radial são causados por este novo exoplaneta em órbita e não por qualquer processo dentro da própria estrela”, disse Henry.
Exoplaneta em Gliese 581 visto por sua exolua. Crédito: Lynette Cook
Exoplaneta orbitando uma anã vermelha, visto por sua exolua. Crédito: Lynette Cook
Os pesquisadores analisaram também as implicações desta descoberta em relação ao número de estrelas que são susceptíveis de ter, pelo menos, um potencial exoplaneta habitável. Dado o número relativamente pequeno de estrelas que foram cuidadosamente monitoradas pelos caçadores de exoplanetas, esta descoberta veio surpreendentemente cedo.

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