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sábado, 25 de agosto de 2012

Clovô

  Fazia um lindo sol radioso naquela manhã de ma terça-feira que rasgou o céu no dia anterior apedrejando os desolados sem tetos de esperança humilde, um abrigo onde ausentar era que precisavam, mas o governo daquela época tão despreocupado com sua população, que protestava dia e noite percorrendo as ruas calçadas de Bartica na Guiana que faziam a prefeitura de pés a cabeça, enfurecendo os políticos isentos de suas fiéis posições na cidade.
  Acordara um pouco tarde para um dia letivo comum, assim como outros, causa do temporal que assolado a vizinhança, fazendo-nos esconder sob debaixo dos atapetados, aveludados em meu quarto onde dividia com meu irmão Robert. Éramos separados de alguns meses, as diferenças não eram grandes, tamanha necessária para trocarem nossos nomes e confundir-nos.
  Robert acordava dez minutos antes do que eu para fazer seus deveres, ajeitar seus livro e tomar café, porque sempre acabava se esquecendo de algo em casa quando não tropeçava nos degraus e caía escada abaixo como de costume atrapalhado e desengonçado, mas, sempre com seu sorriso no rosto o considerava uma pessoa feliz. Já eu, acordava com preguiça, sonambulando os corredores, embolando-se nos tapetes indo direto para o banheiro escovar-me, de vez enquanto rolava falta de atenção minha pegar a escova errada ou até um pente para se escovar; vestia o uniforme do colégio. A essa hora minha mãe já acordada gritando por causa dos tapetes no corredor do andar superior extraviados no chão, deixados chinelos no meio do caminho, que os faziam tropeçar também mal acordada, capaz até de que se levantasse com o travesseiros nos braços ainda, mas quem sou eu para julgar minha mãe ou qualquer outra pessoa vendo ser eu o adolescente mais preguiçoso da América.
  O nosso café da manhã acabava sendo torradas secas, um café super quente de queimar a garganta e uvas passas umedecidas, tudo feito pelo meu pai, a pessoa mais atenciosa daquele lugar, nunca se esquecia de algo do trabalho,seus afazeres sempre organizados em um planilha semanal junto dos problemas a serem resolvidos de seus casos como advogado, sempre o primeiro a se acordar e o cozinheiro da família já que minha mãe não podia chegar nem perto da cozinha por ser um desastre capaz de acabar com a casa inteira.
  Tínhamos um cachorro da raça Labrador de um pelo de um tom amarronzado que corria feito louco pela casa logo de manhã cedo fazendo acordar-nos puxando nossos lençóis e levando até a mesa  para o café matinal que eu mal conseguia comer por ele não se acomodar e ficar me cutucando na cadeira ou mordendo meu sapato tentando-o desamarra-lo, o que o deixava ainda mais animado , igual a um certo dia quando não deu tempo para tomar café com o restante da família por eu já estar atrasado a ponto de perder o ônibus à duas quadras daqui, Tod sentindo a falta de meu limpo e arrumado sapato acabou roendo um dos pés da cadeira que depois teve de ser trocada na loja.
  Naquele dia cindo de agosto de mil novecentos e setenta e dois, dia de exame de História no colégio Montreal, um lugar cheio de regras e de uma arquitetura de internato que assustava tanto os alunos quanto a mim. Ficava à uns três minutos da escola, uma praça, a praça do bairro, um ponto de referência para os jovens daquele tempo que procuravam se reunir com os amigos, jogar cartas, bater um papo, sacanear com os colegas, galantear as garotas, enfim, esse tipo de coisa que fazíamos quando fugíamos de algumas aulas chatas, como a de Educação Física, que o professor nos fazia correr ao redor do campo de futebol mais ou menos durante vinte minutos.
  A hora do intervalo parecia ser uma ótima hora para nós, Petrich, Huft e Baltern, assim como para as garotas da culinária, do clube de teatro, da academia de xadrez, para as viciadas em música e para o restante dos grupos que compunham a classe estudantil de Montreal, os alunos atestavam as aulas serem infernos caóticos e tediosos que para os professores eram passivas passagens leves de conhecimento e para outros um maravilhoso mundo de descobrimentos.
  Existiam algumas meninas, umas cinco, que eram sempre muito bem vistas por todos, que faziam reuniões particulares na casa de uma delas e eram sempre muito secretas. Certo dia fomos até uma dessas 'confraternizações' delas escondidos, mas para nossa infelicidade nada do que imaginávamos que acontecia, aconteceu. A verdade é que foi bem pior.
  Nesse mesmo dia, eu havia perdido o ônibus, pisado numa possa de barro, batido a cabeça no armário e ainda tive que ficar depois da aula. Bom, se você acha mesmo que eu fiquei lá está redondamente enganado,   logo após as aulas, liguei para o Petrich avisando para ele ir me encontrar em uma rua que fica à duas quadras dali, onde as meninas passam todos os dias para voltar para casa. Dez minutos se passaram, ele chegou e começamos a segui-las por um longo caminho, ouvimos tantas das suas besteiras, suas manias, mas nada de muito confidencial. A casa de uma delas era o triplo do tamanho da minha, branca com um quintal enorme cheio de árvores. O único jeito de entrarmos foi pelo quintal não tínhamos escolha, era isso ou ficar dependurado espiando tudo pelo muro. Elas estavam sozinhas em casa, entramos pelos fundos, passamos pela cozinha, pela sala de recepção, pela sala de jantar e subimos as escadas muito cuidadosamente, talvez nem tivessem percebido-nos  pela altura das gargalhadas que davam, mas uma coisa era certa, ambos pensando no que de pior poderia acontecer. Passamos por um corredor estreito e chegávamos cada vez mais ansiosos perto da porta do quarto dela que estava entreaberta. O susto mesmo foi quando surgiu um gato preto saindo de um quarto para ir em direção à nós , o gato começou a miar e a dona da casa , Cintia, veio busca-lo na porta que por sorte não nos viu atrás das cortinas onde tivemos que nos esconder, mas não é que aquele gato medonho pula dos braços dela e vem miando em direção à cortina?!

  Infelizmente, elas nos acharam e ficaram muito bravas mesmo, tentei nos explicar mas elas não paravam de estapear e xingar agente. Ela pediu que não contássemos para seus pais e fizeram prometer que aquilo não aconteceria novamente.
  Achei que a partir daquele instante e daquela situação elas poderiam ser mais amigáveis na escola, pois bem, pensei mal. Tudo voltou a sua rotina e esse é um dia louco de minha vida, Dilan.
  

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